Ballard paperback fetish


Ando há uns meses a ler Ballard nas edições paperback vintage dos anos 60 e 70, sobretudo as da Penguin (faltando-me ainda as outras que David Pelham fez para as reedições de 1974) e as da melhor fase da Panther (antes dos descalabro das suas capas para o Crash e o High Rise). Lamento apenas não ter encontrado uma boa (leia-se, com uma boa capa) edição vintage do Concrete Island, que acabei por ler numa edição recente da Picador. Algum possível fetichismo à parte, não creio que haja melhor forma de o ler, e estas capas terão mesmo sido o pico na difícil tarefa de ilustrar Ballard na sua  fase pré-mainstream.

A propósito disto, estou a preparar um texto para a revista Bang! (publicada pela Saída de Emergência) sobre a excelência de algumas das capas das edições de FC naquele curto período entre aproximadamente meados da década de 1960 e o início da década seguinte, em que algumas editoras de paperbacks e hardbacks abandonaram os clichés visuais do género e produziram capas que procuravam traduzir a essência experimental e contemporânea de alguma prosa de FC (ou, pelo menos, traduzir em termos visuais a urgência e a modernidade que se associavam à literatura especulativa por esses anos), com cruzamentos interessantes com o grafismo dos romances de vanguarda e as edições de poesia. Uma fusão e extensão de alguns textos já publicados aqui. Dada a ausência de qualquer bibliografia sobre o grafismo de FC nesse período, será um trabalho essencialmente (retro)especulativo, pelo que peço a vossa compreensão e benevolência.

In the past year, I’ve been collecting and reading Ballard’s vintage paperback editions from the 60s and 70s, mainly  Penguin’s (I’m still looking for the other three books in the 1974 reprints designed by David Pelham) and the best ones from Panther (before their appalling Crash and High Rise covers). I’m only sorry not to have been able to find a good edition (that is, one with a good cover) of Concrete Island, which I’ve read from a recent Picador edition. Some possible fetishism aside, I believe there’s no better way to read him, and these five covers can very well stand as the peak in the hard task of putting Ballard to pictures in his pre-mainstream years.

Advertisement

6 Comments

Filed under Capas

6 responses to “Ballard paperback fetish

  1. Hmmm… Eu não ;) Esse é precisamente o exemplo do descalabro da Panther, que me parece ter tido, entre 67 e 71/72, um momento de excelentes capas de FC, não apenas para o Ballard. Por exemplo, descobri que a capa da edição paperback de “The Anything Box” da Zenna Henderson (de que tenho um exemplar da série com design do Terry James para o London SFBC) foi feita para a Panther por David Pelham em 1969, quase na mesma altura em que a Penguin o contratou. Essa capa do Vermillion Sands é, infeliz e evidentemente, já da fase descendente.
    Se tiver mais paciência, recomendo-lhe a edição hardback da Cape desse título, com uma bela sobrecapa (já vi exemplares ex-library, mas em bom estado, à venda por menos de 20USD no ebay).

  2. Não. Tudo o que meta naves espaciais estilo “space opera” foi claramente metido a martelo sem qualquer respeito pelos textos do autor.
    Refiro-me a esta: http://www.jgballard.ca/images/vermilion_sands/vermilion_sands_cape250.jpg
    A Cape, com o Ballard, só falhou numa capa, das que vi: na do “Concrete Island”, o designer julgou que o autor se referia a arranha-céus, o que prova que não lhe deve ter sido passada uma sinopse da novela. Essa para o “Vermilion Sands” é uma das grandes capas da Cape para o Ballard.

  3. Já agora, se quer comprar edições vintage do Ballard, guie-se por isto: http://www.ballardian.com/rick-mcgrath-jg-ballard-cover-art
    Tanto o site do Sellars como, sobretudo, o do McGrath são guias essenciais nessa pesquisa, e na descoberta do quão aquém da excelência a maioria do design para os livros de FC do Ballard ficou.

    • AH, bom. sim sim, essa capa é fantástica, faz-me pensar na capa do meu S. do Updike. (http://www.fantasticfiction.co.uk/u/john-updike/s.htm). Até agora só li as obras mais autobiográficas do Ballard, só recentemente descobri que tinha esta obra enorme de sci-fi e vou de certeza caçar todos.

      Muito obrigado pela referência ao The anything box, desconhecia completamente e já tenho uma licitação em curso ;)

      Trate-me por tu porque até somos do mesmo mesmo ramo, mas de pontas diferentes.

Leave a Reply

Fill in your details below or click an icon to log in:

WordPress.com Logo

You are commenting using your WordPress.com account. Log Out /  Change )

Twitter picture

You are commenting using your Twitter account. Log Out /  Change )

Facebook photo

You are commenting using your Facebook account. Log Out /  Change )

Connecting to %s