Algumas imagens da exposição Editor de Vanguardas: Fernando Ribeiro de Mello e a Afrodite na Biblioteca Municipal do Porto (ao jardim de São Lázaro), de que sou comissário e que encerrará a 31 de Janeiro de 2019. Aproveitarei para fazer aí e nesse mês a apresentação da segunda edição de Olhar de Editor de Serafim Ferreira, vinte anos depois da primeira. Durante a exposição, estão à venda na loja da biblioteca exemplares de Editor Contra e Portugal em Sade, Sade em Portugal, edições Montag.
Sábado, dia 27, imediatamente antes da inauguração da exposição “Editor de Vanguardas” dedicada a Fernando Ribeiro de Mello e à Afrodite na Biblioteca Municipal do Porto, estarei à conversacom Nuno Amorim sobre estas duas edições de Sade publicadas pela Afrodite, sobre o que correu mal na primeira (quase tudo, como contei em PORTUGAL EM SADE, SADE EM PORTUGAL) e o que fez da segunda um livro tão memorável (e o que faltou para ser ainda mais). Moderação de Guilherme Blanc.
Nuno Amorim é, com Eduardo Batarda, o sobrevivente da montanha-russa que foi a carreira da Afrodite na década de 1970, colaborando com o editor desde a célebre sessão da banheira em 1971 até ao fim da linha, o que incluiu algumas excelentes ilustrações pelo meio, como no Manual dos Inquisidores, no Super Macho de Jarry e em O Sexo na Moderna Ficção Científica. Será, se não estou em erro, a primeira vez que se falará em público sobre o “Dali de Lisboa” na sua cidade natal, o Porto. Sujeito a inscrição prévia.
Receba o último “livro contra” do “editor contra”, 40 anos depois: oferta de um exemplar de O PEQUENO LIVRO VERMELHO DO ESTUDANTE de Soren Hansen e Jesper Jansen (Afrodite, 1977) na compra de um exemplar do EDITOR CONTRA no site Montag (com 15% de desconto).
* Limitada ao stock existente
Primeira de seis partes do documentário “The Book That Shook The World” (2007) sobre o escândalo da publicação do PEQUENO LIVRO VERMELHO DO ESTUDANTE na Austrália e noutros países, no início dos anos 70.
«Publicado originalmente na Dinamarca em 1969, o livro tornou-se numa cause célèbre e deixou um trilho de polémica por alguns dos países onde foi depois traduzido e publicado: em 1970, é proibido na Suíça e em Itália; em Inglaterra, a editora Stage 1 viu em 1971 a sua edição apreendida por motivos de posse de material obsceno para venda e foi processada e condenada (Margaret Thatcher, ministra da Educação no governo conservador de Edward Heath, foi determinante no processo), sendo apenas autorizada depois uma edição censurada; no mesmo ano, em França, François Maspero vê também a sua edição ser apreendida; em 1972, na Austrália, o furor pela sua publicação quase provoca uma crise política; mesmo na Espanha pós-franquista, em 1979, a primeira edição não clandestina causará polémica e levará o seu editor aos tribunais. Fruto da vaga experimental e liberal que varrera a Escandinávia nos anos 60, com um título obviamente inspirado no Pequeno Livro Vermelho de Mao Tsé-Tung e organizado rigorosamente por temas de interesse a estudantes liceais, o livro funcionava como um guia, mas diferia dos outros guias do género na linguagem directa e na liberalidade do tratamento de assuntos como o sexo, as drogas e a relação com a autoridade (o delicado trabalho de adaptar alguns detalhes à realidade portuguesa de 1977 coube a Maria Alberta Menéres e Orquídea Martins). Volume compacto, do tamanho de um livro de bolso (como o bolso da pasta escolar desenhado na feliz capa anónima), lançado mesmo no início do ano lectivo, era uma pequena edição notável de oportunidade e pertinência, e, sobretudo, um livro que, no catálogo da Afrodite desses anos, complica a classificação do seu editor como alguém “de direita”: retrospectivamente, mais do que do Mein Kampf e dos livros anti–soviéticos ou das “novas direitas”, Ribeiro de Mello devia ser hoje recordado como o editor que, na sua fase final e “decadente”, publicou o Pequeno Livro Vermelho do Estudante em Portugal.»
(EDITOR CONTRA, pp. 217-218)
Para coincidir com a exposiçãosobre a Afrodite na Biblioteca Nacional, produzi dois desdobráveis/posters em papel de jornal (60 x 50 cm abertos, 30 x 25 cm fechados) onde, além de um texto genérico sobre a mesma e uma bibliografia da Afrodite, são reproduzidas as páginas centrais do suplemento “A Mosca” do Diário de Lisboa de 6 de Dezembro de 1969 (com uma reportagem sobre o lançamento da Antologia do Humor Português na galeria Quadrante) e a primeira página do mesmo vespertino da edição de 16 de Dezembro de 1971, com a célebre foto do “editor na banheira”. É, ao mesmo tempo, um memento de duas performances históricas do “Dalí de Lisboa” e uma homenagem a um jornal desaparecido onde o editor e os seus livros tiveram sempre um eco especial até à Revolução de 1974, tanto na “Mosca” como no “Suplemento Literário”. Adquirem-se em conjunto e, para quem não tem possibilidade de ir à BN, podem ser comprados aqui.
Exposição na Biblioteca Nacional até 20 de Maio de 2017, comissariada por Pedro Piedade Marques. Com agradecimentos a Isabel Maria Mendes Ferreira, Paulo da Costa Domingos e Rui Seybert Ferreira. Os livros, materiais de imprensa e documentos de arquivo expostos que não pertencem aos fundos da Biblioteca Nacional foram cedidos pelo comissário ou são cópias de documentos amavelmente cedidos por Antonina Ribeiro, Francisco Alves e Vitor Silva Tavares para a produção do livro Editor Contra (que pode ser comprado aqui).
As coisas entre Fernando Ribeiro de Mello (falecido há 25 anos) e o Estado português não acabaram bem. E já não tinham começado bem, quando a Afrodite começou a lançar livros em 1965. Se foi contra o Estado (quando era “Novo”) que o editor definiu a sua imagem no início, foi contra o Estado (já democrático) que teve de a defender no fim.
Esta exposição é, portanto, não apenas a primeira homenagem “oficial” à Afrodite (pelo menos desde a morte do editor), como um modesto sinal de aproximação e trégua entre estes dois antigos adversários.
Em breve terei disponíveis materiais gráficos que acompanharão a exposição (incluindo a reprodução de dois grandes momentos do editor na imprensa). Aos interessados, o livro Editor Contra servirá, como é óbvio, de catálogo. Está com desconto de 25% de desconto no site durante o período da exposição.
O livro EDITOR CONTRA no episódio 29 do programa “Literatura Aqui” exibido a 5 de Abril de 2016 na RTP2 (a partir do minuto 13:45). O livro pode ser comprado aqui.
Nova Iorque, 1974: em pleno Watergate, vinte anos depois de publicar Lolita de Nabokov em Paris, Maurice Girodias quer refazer a fortuna com um romance de especulação política sobre uma hipotética presidência de Henry Kissinger. Uma bizarra conspiração, porém, formar-se-á para o travar e deportar. Um relato fascinante de um tempo único.
ISBN 978-989-98987-5-2
132 PÁGS.
185 x 115 mm
13,50 EUROS
Olhar de Editor / Serafim Ferreira
Publicado em 1999 e há muito esgotado nessa primeira edição, este título de Serafim Ferreira é uma raridade na bibliografia nacional: um livro (quase) autobiográfico de um editor que lembra os editores que o inspiraram ou com quem conviveu na sua carreira. Do fim trágico de Luiz de Montalvor, o fundador da Ática, aos máximos exemplos de editores marginais por alturas da Revolução de Abril, como o foram Luiz Pacheco e Fernando Ribeiro de Mello, passando pela justa evocação das primeiras mulheres a dirigirem editoras em Portugal (a viúva Moré no Porto, na década de 1870, e Maria Leonor da Cunha Leão, herdeira de Delfim Guimarães) e de editores hoje quase esquecidos (Augusto dos Santos Abranches, Figueiredo de Magalhães, etc), Olhar de Editor é uma homenagem sentida à edição portuguesa de (muito) pequena ou média dimensão nos séculos XIX e XX. Esta segunda edição apresenta-se ilustrada e acrescida de uma introdução, um índice remissivo e um addendum final: o obituário de Serafim Ferreira escrito por Baptista-Bastos em 2015.
ISBN 978-989-98987-3-8
210 PÁGS.
210 x 120 mm
15,00 EUROS
Portugal em Sade…
1966, Lisboa. Salazar contra o Marquês de Sade em tribunal. Réus: uma mão cheia de colaboradores da primeira edição portuguesa de A Filosofia na Alcova. Resultado: quatro condenações inapeláveis e um suicídio.
Meio século após o termo do primeiro processo por “abuso de liberdade de imprensa” movido e levado a cabo contra um editor pela publicação de um livro durante o Estado Novo, este volume procura, ao mesmo tempo, lembrar e contar essa acção judicial, e recuperar o texto de Aníbal Fernandes, o único que, passados mais de vinte anos, recordou o processo e o julgamento, numa altura em que o editor Fernando Ribeiro de Mello e as edições Afrodite estavam já quase completamente esquecidos.
ISBN 978-989-98987-4-5
240 PÁGS.
A5 18,50 15,70 EUROS Desconto 15% (+ 2 Euros para custos de envio)
Editor Contra
Fernando Ribeiro de Mello (1941-1992) foi, com a sua Afrodite, o editor “maldito” por excelência na última década do Estado Novo, combatendo a perseguição policial e a censura com um arrojo contínuo que lhe valeu proibições e condenações. Esteve contra, e esteve-o com uma coragem ímpar. Mas quando atravessou o espelho para o “outro lado”, para um Portugal livre de censura, descobriu que manter-se “contra” nas águas revoltas dos anos pós-revolucionários era um objectivo demasiado complexo. Este é o primeiro livro que lhe é dedicado.
ISBN 978-989-2033-07-5
360 PÁGS.
180 X 150 mm 25,75 20,60 EUROS Desconto 20% (+ 2 Euros para custos de envio)
A Técnica do Golpe Literário
Na noite de 8 de Junho de 1964, Fernando Ribeiro de Mello (1941-1992) deu-se a conhecer ao mundo literário de Lisboa. O que se passou então no Salão da SNBA ficou conhecido como "o Teste": uma série de poemas, declamados por ele e pela actriz Isabel de Castro, seriam "julgados" pelos aplausos do público, sendo esses aplausos rigorosamente cronometrados. As consequências imediatas desta "soirée" (em particular uma assanhada polémica com Francisco Sousa Tavares, o marido de Sophia de Mello Breyner) projectaram o jovem portuense para a "lenda" na capital, uma projecção e uma lenda que alimentaram o projecto editorial que ele dirigiria a partir do ano seguinte: a Afrodite.
Aludido, referido vagamente mas nunca antes descrito nos seus detalhes, o escândalo do "Teste" (a que a revista Seara Nova chamou um "golpe literário") tem aqui, pela primeira vez, a sua rocambolesca e "escandalosa" história contada.
O texto agora publicado é um excerto do projecto "in progress" Editor Contra: Fernando Ribeiro de Mello e a Afrodite, uma monografia sobre o editor da Afrodite.
ISBN 978-989-98987-0-7
40 PÁGS.
180 X 150 mm
7,00 EUROS
ESGOTADO
A Última Sessão
Em 1977, Luiz Pacheco viu finalmente reunidos nestes Textos Malditos os seus textos “proibidos” até à Revolução, publicados no brilhante catálogo da Afrodite de Fernando Ribeiro de Mello. Teve também a certeira união de um universo gráfico à sua obra, o de Henrique Manuel. Livro icónico mas minado por tensões pessoais, foi também um livro crepuscular que marcou o início do correr de cortinas nas carreiras destes três actores excêntricos no palco da cultura portuguesa.
ISBN 978-989-98987-1-4
40 PÁGS.
180 X 150 mm
ESGOTADO
Manta 90/40
Manta 90/40
(Caleidoscópio/Galeria Valbom)
A propósito da exposição na Galeria Valbom em Lisboa, de 29 de Setembro a 10 de Novembro de 2018. Com textos de José Carlos de Vasconcelos, Baptista-Bastos, José Luís Carneiro de Moura, Osvaldo de Sousa, Telmo Alcobia, Teresa Neto e Pedro Piedade Marques. A Galeria Valbom decidiu organizar, com o apoio institucional de EGEAC – Museu de Lisboa, uma exposição em torno das Caricaturas Portuguesas dos Anos de Salazar, a obra-prima de João Abel Manta, um dos mais importantes artistas gráficos portugueses do último século. Ocasião para apreciar o seu trabalho e celebrar os seus 90 anos. Ou, simplesmente, para afirmarmos, tal como escreveu Fernando Assis Pacheco: VIVA MANTA!
João Abel Manta
João Abel Manta
(Colecção Designers Portugueses, Público, 2016)
João da Câmara Leme
João da Câmara Leme
(Colecção D, INCM, 2015)
Inclui um texto meu.
Uma Editora no Subterrâneo
& etc – Uma editora no subterrâneo
(Letra Livre, 2013)
Organizado por Paulo da Costa Domingos.
Inclui, entre outros textos de vários autores, um texto meu: "Uma exclusiva irmandade de piratas poéticos".
Gateways
Gateways: an international exhibition of book covers (Fundação de Serralves, 2008)
Catálogo da exposição internacional de capas de livros Gateways
que inaugurou no final de Julho de 2008 no espaço cultural Silo do Norteshopping de Matosinhos. Coordenação e design de Andrew Howard.
Inclui
a minha capa para a edição de Criaturas da Noite de Lázaro Covadlo (Livros de Areia, 2007).