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Penguin by Designers

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Título
Penguin by Designers

Design
David Pearson

Edição
Penguin Collectors’ Society, 2007
176 páginas

Descrição
Ostentando a mais famosa grelha da história do design editorial, criada por Romek Marber em 1961 para a série de Crime da Penguin e que depois serviu de modelo a quase todo o catálogo da editora, a capa deste volume imprescindível “trai” logo o contexto histórico do seu conteúdo: dos anos pós-Tschichold, sob comando do “herdeiro” Hans Schmoller nos anos 50, à ultra-criativa fase contemporânea, que coincidiu com os 70 anos da empresa.

Tratando-se, basicamente, da transcrição das intervenções dos designers e directores artísticos em funções ao longo desses anos, reunidos na tarde de 18 de Junho de 2005 no Victoria & Albert Museum (no contexto da exposição que esse museu dedicou ao aniversário da editora), o livro depende exclusivamente da qualidade dessas exposições. Como seria de esperar, a qualidade é bem alta. Com a excepção de Germano Facetti (que não esteve presente na sessão, e de quem se publica um texto “programático” sobre o design de paperbacks publicado na revista Dot Zero em 1967), John Miles, Romek Marber, Jerry Cinamon, Derek Birdsall, David Pelham e o actual director de arte Jim Stoddart sucedem-se por ordem “cronológica” e o que resulta é o complemento perfeito (porque vindo de quem amassou o pão) ao livro cujo título serviu de referência a este, Penguin by Design do designer e historiador Phil Baines (que escreve aqui as pequenas introduções às intervenções). Junto com o livro de Baines, esta colectânea representa uma visão completa e abrangente, ainda que incontestavelmente subjectiva e passional, da história gráfica da Penguin.

É difícil destacar uma ou outra apresentação das demais, dado que parece até ter havido o objectivo de uma certa complementaridade (por exemplo, as intervenções de Miles e Cinnamon são mais sobre o layout e as grelhas para os livros das edições comuns e especiais, sendo ambas de extraordinária utilidade no que à história da tecnologia do design diz respeito). Pessoalmente, há muito que admiro tudo o que vejo de Birdsall e Pelham desses anos, designers que conseguiram verdadeiras obras-primas de condensação icónica (e aqui também há complementaridade, na medida em que Birdsall era sobretudo um designer freelancer e Pelham o director de arte, e o último que Sir Lane contratou pessoalmente). É uma verdadeira delícia ler e ver o que este dois apresentam e há mesmo uma descoberta (para mim, pelo menos): a das capas da série de reedições da obra de Somerset Maugham, que Birdsall criou como uma longa e contínua fotografia em composição horizontal (Prova A). Isto só me deu mais vontade de comprar Notes on Book Design (assim que o preço, ou a libra, ou ambos, baixarem mais…)

Prova A
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Outro grande momento do livro é a apresentação de Marber: a odisseia da criação de dezenas de capas para a colecção de Crime em poucas semanas dá-nos a perfeita justificação para a necessidade da sua famosa grelha e obriga-nos a uma intensa inveja e admiração…

Como em tudo, as ausências falam quase tão alto como as presenças, e aqui notamos duas importantes: a de Alan Aldridge (cuja entrada e saída da Penguin se rodearam sempre de polémica, e que tentou aproximar a editora aos caminhos da pop nesses anos de 66-69) e de alguém que viesse falar dos “famigerados” anos 80. Uma e outra ausência compreendem-se (mas, no caso de Aldridge, lamenta-se, pois foi ainda assim o criador de capas excelentes e teria coisas interessantíssimas a dizer), sobretudo a da fase negra após a saída de Pelham em 1980, em que a Penguin se perdeu no desejo de se impor graficamente nos EUA, deixando-se contaminar pelo que de pior se fazia (e se faz ainda) dum e doutro lado do Atlântico (o que outras ediroras aproveitaram e agradeceram, como a Faber, que dominou os escaparates nesses anos com as fabulosas capas de Andrzej Klimowski e a direcção de John McConnell). Quem ler o livro de Baines não estranha essa ausência, e as palavras de Pelham não sao meigas…

Stoddart termina com um sentido de missão cumprida (mas com esforço, o que certas indirectas denotam…), e é notório o orgulho com a espantosa exibição de talento que foi o pack especial dos 70 anos, em que a Penguin mostrou à evidência uma quase infalibilidade na atribuição da capa de um qualquer título a um designer ou ilustrador. Tudo resulta por ali, e muito do porquê está neste livrinho.

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