Cinco capas dos únicos cinco números da New Worlds que possuo. Foram publicadas entre 1967 e 1971, no período mais arrojado e experimental desta revista de FC inglesa, no qual foi editada por Michael Moorcock e teve por porta-estandarte e contínua inspiração um J.G. Ballard no auge da sua forma. Na verdade, o arrojo foi tal que era impossível afirmar-se que se tratava de uma revista de FC: a “SF” era agora “speculative fiction” ou tudo aquilo que as “novas vagas” fossem trazendo à costa. Moorcock soube rodear-se de talento jovem na escrita de ficção e não-ficção (o crítico de arte residente, Christopher Finch, por exemplo, escreveu para a New Worlds ensaios seminais sobre M.C. Escher, Peter Phillips ou Richard Hamilton) e no grafismo (fazendo conviver nomes “cotados” como Eduardo Paolozzi com estreantes como Charles Platt).
O meu próximo texto na Bang! será sobre este período febril e fascinante da revista, pleno de surpresas visuais, e que faz parecer uma tremenda injustiça o facto de a Ambit (outra revista literária em que Ballard e Paolozzi colaboraram) ter sido motivo de um artigo na Eye e de uma monografia em torno das colagens de Paollozi (The Jet-Age Compendium), e a New Worlds destes anos não ter ainda merecido essa atenção.
Capa de Eduardo Paolozzi (Agosto de 1967). Reproduz um excerto do portfolio Moonstrips Empire News desse ano, o qual é tema de longo ensaio de Christopher Finch dentro da revista. Este é o número dominado por Paolozzi, que tem ainda no verso da capa um anúncio à abertura da sua exposição e aparece mencionado na ficha técnica como “conselheiro aeronáutico”.
Capa de Stephen Dwoskin (Abril de 1968). Uma das melhores capas da New Worlds, e uma que poderia certamente ser reproduzida em qualquer livro sobre o design editorial em Inglaterra nos anos de 1960. O gosto pela abstração a partir de detalhes fotográficos, a palete cromática mínima, o impacto do espaço a negro na composição fazem lembrar as capas de Terry James para o London Science Fiction Book Club da altura.
Capa de Mervyn Peake (Abril de 1969). Capa póstuma (Peake morrera no ano anterior), tendo Moorcock escolhido um desenho de Peake que se adequasse ao destaque desse número, a publicação na íntegra de A Boy and His Dog de Harlan Ellison.
Capa de Andrew Lanyon (Dezembro de 1969). Outra capa ao nível da de Dwoskin: perfeita composição tipográfica (de novo apenas a Helvetica, seguindo o logo da revista), uso eficaz da fotografia, fazendo-a caminhar quase para a abstracção ou para a insinuação de formas ameaçadoras ao estilo surrealista (e a ligação com as palavras “God” ou “Hitler” nos títulos ainda acentua mais a sua estranheza e a sua força hipnótica sobre o observador).
Capa de Charles Platt (Março de 1970). Platt fez melhores e piores capas do que esta na New Worlds, mas a algo cacofónica composição dos títulos é compensada pelo impacto do motivo fotográfico (uma caixa metálica de arquivo) no fundo vermelho,e a forma como as palavras e as imagens na gaveta se compõem como numa colagem. Segundo a ficha técnica, trata-se de uma parcela do arquivo do “departamento de arte de um dos principais editores e importadores de livros e revistas eróticos da Grã-Bretanha”.
Next month a text of mine on the 1967-1971 period of New Worlds magazine will be published in Bang! magazine. Edited mainly by Michael Moorcock and having in J.G Ballard a frequent and inspired (and inspirational) collaborator, the magazine was the “bible” of the then-known-as “new wave” of “speculative fiction” writers from the USA and Britain. Breaking away from the traditional and very conservative formal restraints of the genre, the New Worlds of these years was a visually striking literary magazine, also publishing seminal essays on visual artists like M.C. Escher, Peter Philips or Eduardo Paolozzi (a friend of both Ballard and Moorcock, who was also pivotal in the magazine’s new look’s inception). Ambit, a small “experimental” literary magazine Ballard and Paolozzi were also collaborators of during the same period, got the attention of Eye magazine some years ago (see the article here) and the collages Paolozzi did for it were the subject of a recent monograph (The Jet-Age Compendium), but New Worlds – a very proud, surprising and graphically interesting item of London’s ebullient 1960s alternative press scene – remains distant from the attention and study it deserves.
These are the only 5 issues of New Worlds I own. From top to bottom, the covers are by: Eduardo Paolozzi (August 1967), Stephen Dwoskin (April 1968), Mervyn Peake (April 1969), Andrew Lanyon (December 1969) and Charles Platt (March 1970).
For more on New Worlds in this period, read my interview with Michael Moorcock: part I and part II.