Dia 29 de Março, Terça-feira, às 18:30 horas, na Biblioteca Nacional em Lisboa.
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“Editor Contra” no Expresso
Texto de José Mário Silva na revista “E” do Expresso de 31 de Dezembro de 2015, pp. 68-69. Pode ser lido na íntegra aqui.
Entrevista no jornal i sobre a Afrodite e Fernando Ribeiro de Mello
A minha entrevista ao Diogo Vaz Pinto, a propósito do lançamento do livro Editor Contra: Fernando Ribeiro de Mello e a Afrodite saiu ontem no jornal i. (Imagens via blogue O Melhor Amigo). O livro pode ser comprado no site Montag.
“Editor Contra: Fernando Ribeiro de Mello e a Afrodite”: à venda
Finalmente, à venda o primeiro livro dedicado ao lendário “editor maldito” por excelência na última década do Estado Novo, Fernando Ribeiro de Mello, e à sua “pseudo-editora”, a Afrodite. Dele escreveu a censura, em 1966, que personificava a mais “insólita ofensiva de corrupção” a que o regime assistira em quarenta anos de existência. Pode ser adquirido aqui.
“Resina de nudez fricção narcótica”
Quando lançou este livro de poesia de Natália Correia em Abril de 1966, o editor Fernando Ribeiro de Mello estava em plena corrida à frente da censura, uma corrida que começara no seu primeiro livro, o Kama Sutra, lançado menos de um ano antes. Tinha, por então, já três livros proibidos pela censura, dois dos quais estariam no centro de outros tantos processos no Tribunal Plenário. O Vinho e a Lira não foi excepção: seria, em breve, o quarto livro da Afrodite a ser incluído no “Index” censório do Estado Novo. Seria seguido por mais duas edições proibidas, o que, no total, daria uma série até então inédita (e jamais repetida até ao fim do serviço de censura) de seis livros consecutivos de um pequeno editor proibidos no espaço de menos de ano e meio. Foi o suficiente para cimentar a fama do editor “maldito” que seria o sustento de Ribeiro de Mello até à Revolução de 1974.
De todas as edições dessa série “maldita” inicial, esta é aquela em que o editor mais apostou num conceito de “livro objecto”, reforçando a marca visual muito forte que fora já notória na Filosofia na Alcova ou na Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, e, com particular felicidade, nas fotografias de Sena da Silva para A Vénus de Kazabaika. Neste caso, essa marca está no acabamento: a tipografia discreta é um perfeito contraponto à surpresa táctil que é a superfície aveludada da capa cor de vinho, protegida por uma sobrecapa plástica, transparente e maleável, onde a tipografia da lombada se imprime: o contraste entre a lisura da sobrecapa e a textura da capa é, todo ele, uma homenagem sensorial à poesia da autora.
Ribeiro de Mello devia muito a Natália, que “amadrinhara” o arranque da sua carreira de editor, e parece claro que sentiu a necessidade de a compensar com estes requintes para um simples livro de poesia, algo por esses dias – tal como hoje, aliás – muito pouco usual. Perfeita ilustração dessa “fricção narcótica” do verso da autora, os requintes gráficos deste O Vinho e a Lira (um dos “pequenos livros esquecidos” da Afrodite) aproximavam verdadeiramente o editor daquele de quem o diziam “émulo”, Jean-Jacques Pauvert, que por então fabricava (com o designer Pierre Faucheux) pequenos livros que apostavam no prazer e na tensão tácteis, como as edições de Le Mort e Histoire de l’Oeil de Georges Bataille.
Ribeiro de Mello: ao fim de 23 anos, uma homenagem pública em Lisboa
Alguns frames e registo (filmado pelo Luís Rodrigues, a quem agradeço) da sessão da passada Quinta-feira, 21 de Maio, na Sociedade Guilherme Cossoul em Lisboa, em que, comigo e com o editor Vitor Silva Tavares na mesa, se lembrou e homenageou o editor Fernando Ribeiro de Mello (1941-1992) e a sua Afrodite, de cujo arranque se cumprem 50 anos por esta altura. A hora e meia da gravação foi ultrapassada em vinte minutos pela conversa, que correu muito bem e com o espaço do bar à pinha (cheguei a ver gente em pé junto ao balcão), mas o essencial está aqui preservado. Mais do que uma oportunidade para revelar detalhes de Editor Contra, o livro que preparo sobre a Afrodite, o que me parece mais mais digno de nota é que se tratou, se não estou em erro (e creio bem não estar, até pelo que me contou o próprio Vitor Silva Tavares), da primeira sessão pública de homenagem e evocação a uma das figuras mais emblemáticas de uma certa Lisboa ligada aos livros do último meio século, isto mais 23 anos após a sua morte, o que, bem vistas as coisas, até não surpreende tanto assim numa cidade que entrega bibliotecas municipais à gestão de juntas de freguesia e mantém encerrada mais de dois anos (e sem reabertura conhecida) uma importantíssima hemeroteca (cujo regime maravilhosamente liberal de consulta me permitiu aceder fácil e rapidamente a muitos e importantes registos de imprensa, coisa que, hoje, seria de todo impossível). Agradecimentos aos livreiros Ricardo Ribeiro, Débora Figueiredo e Fábio Daniel, e à direcção da Guilherme Cossoul.