Tag Archives: Robert Massin

À l’origine de ma carrière

“J’achète aussi Histoires, de Prévert et Verdet, dont la couverture, dessinée par Faucheux, avait fait mon admiration. C’était en 1948, et je n’avais pas revu depuis lors cette création d’un confrère qui, près d’un demi-siècle plus tard, me parait toujours aussi neuve, aussi originale. Pourquoi cacher qu’à l’époque, de voir ce que faisait Pierre Faucheux en matière de graphisme a été pour beaucoup à l’origine de ma carrière?”
(Robert Massin, Journal en Désordre 1945-1995, Paris, Robert Laffont, 1996, p. 367)

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Quatre taches de sang

Pequena revelação, a meio de uma conversa de Domingo de Março soalheiro com Robert Massin, ali para os lados de Belém. Quando falávamos de Germano Facetti, Massin atira de repente: “sabe qual é a capa de que mais gosto, das que foram feitas na Penguin durante os anos em que ele lá esteve?” Perante a minha ignorância, a resposta veio sem hesitação: a capa (com design de David Pelham, que seria o sucessor de Facetti como director de arte da editora) da edição de 1970 de In Cold Blood de Truman Capote.

É fácil perceber a escolha: as quatro manchas de sangue substituem aqui os quatro ós do título e do nome do autor, e a sua presença na capa, mais do que uma mera representação gráfica do crime (o assassinato de quatro pessoas: pai, mãe e dois filhos adolescentes), é um jogo dentro dessas regras da “tipografia expressiva” que Massin tão bem jogava e aplicava. Leitura visual e tipográfica em simultâneo e relação íntima da capa com a “história” ou conteúdo do livro. Não é despiciendo saber que é desse mesmo ano de 1970 a publicação de La Lettre et l’Image (Gallimard), obra em que Massin procurou analisar em profundidade estas interrelações entre imagens e  letras.

As manchas de sangue – solução visual de uso delicado e facilmente abusada e saturada pela repetição – aparecem em capas anteriores do próprio Massin, como as de Tropique du Caducée de Paul Malar (Éditions du Scorpion, 1954) ou de Le Poète Assassiné de Guillaume Apollinaire (Clube du Meilleur Livre, 1959), ainda que apenas como efeito expressivo e sem a função tipográfica da capa de Pelham.

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Massin em 2007

Antecipando a vinda de Robert Massin a Lisboa para uma conferência nas “Jornadas Cantianas”, um evento em torno dos livros de Paulo de Cantos que decorrerá nos dias 16 e 17 de Março (com organização da Oporto em Lisboa). Eis Massin em 2007 na ENSAD (École nationale supérieure des Arts Décoratifs) de Paris.

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Massin em Março

Robert Massin (ou apenas Massin, como ficou conhecido) um dos grandes revolucionários do design de livros e da “mise en pages” do século XX, director de arte da Gallimard durante mais de vinte anos, estará em Lisboa para as “Jornadas Cantianas”, um evento em torno dos livros de Paulo de Cantos que decorrerá nos dias 16 e 17 de Março. A organização é da Oporto em Lisboa e as sessões terão lugar nas instalações da associação, perto do miradouro de Santa Catarina (vulgo do Adamastor).

Em baixo, o texto de Germano Facetti sobre Massin publicado na revista Typographica de Herbert Spencer em meados da década de 1960 (e reproduzido no volume The Liberated Page em 1987).

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Maquettes

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Procurando temperar a dieta anglo-americana, uma busca semi-aleatória levou-me à descoberta de algumas excelentes capas francesas dos anos de 1940 a 1960, e a outros nomes para além do de Robert Massin. A bibliografia sobre o graphisme ou os métiers graphiques aplicados ao livro é compreensivelmente escassa (e cara), no meio da avalanche de oferta de livros sobre o design gráfico nos EUA e em Inglaterra. Mesmo sobre Massin (que descobri há anos e de que cheguei a ter um exemplar da 1.ª edição da Grove Press de The Bald Soprano de Ionesco, o seu trabalho mais referido e lembrado), exceptuando o excelente mas caro volume de Laetitia Wolff para a Phaidon, os livros disponíveis são raros (até a edição da Pyramyd de Philippe Apeloig é esquiva, apesar de alguns livros dessa colecção estarem pelas FNAC). Mas nada é impossível e por esses baús na internet se encontra alguma bibliografia e até exemplares dos trabalhos desses designers, esses sim bem mais acessíveis, sobretudo as edições para os clubes do livro concorrentes nos anos 50 do século passado, o Club des Libraires de France e o Club Français du Livre.

Este foi um período que antecedeu o boom do livre de poche em França, e, tal como já tinha indicado no caso da edição de Ficção Científica nos EUA, parece ter havido aqui uma deliberada vontade de desbravar terreno gráfico num contexto de edições de “clube de livro”, com alguma “nobreza” extra-comercial e bons orçamentos de produção (logo, permitindo mais soltura aos designers), e, sobretudo, de colocar o design editorial francês ao nível do americano, a referência máxima para os hardbacks nesses anos (noto aproximações, por exemplo, entre a capa de Massin para Le Salaire de la Peur de 1953 – Prova A – e a capa de Paul Rand para The fervent Years de Harold Clurman, de 1950 e para a Knopf, que se pode ver em By Its Cover, p. 55).

Prova A
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Muito dificilmente os grafistas pós-68 chamariam a isto graphisme de papa (e daí talvez chamassem…): a pompa a que este tipo de edição de clube “luxuosa” e “limitada” se presta estava controlada por puro génio visual e, sobretudo, tipográfico (Prova B, mais uma vez de Massin).

Prova B
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Ocasião para descobrir capas admiráveis (as que aqui mostro são uma ínfima parte do que por aí circula entre os alfarrabistas) de Pierre Faucheux (Provas C e D, respectivamente para as edições de Le Facteur Sonne Toujours Deux Fois e Memoires d’Hadrian), o mestre de Massin e talvez o “Paul Rand francês”, o homem em cujo trabalho o graphisme mudou de figura para sempre. A capa que encima o post, positivamente deliciosa, para a edição de 1955 de Typhon de Joseph Conrad, tem maquette de Claude Bonin.

Prova C
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Prova D
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O meu interesse pelo design de livros alemão e da ex-Checoslováquia embate, infelizmente, na barreira linguística (no caso dos checos, os poucos livros que haverá sobre o tema serão em checo, ainda que os objectos originais dessas produções nacionais estejam acessíveis pela internet, sobretudo através de excelentes alfarrabistas). No caso francês, e dadas estas recentes descobertas, estou certo de que o pouco que por aí encontrei de bibliografia me vai saber bem.

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