Gateways: uma visita

Na única “aberta” que tive para visitar a exposição antes do seu encerramento, um Sábado “tipicamente” chuvoso no Porto. O Silo do Norteshopping de Matosinhos é, talvez, dos espaços mais bizarros e inclassificáveis para se conceber (quanto mais para se realizar) uma exposição, o que só me obriga a aumentar a quantidade de elogios às pessoas que conseguiram tirar esta da cartola, não apenas Andrew Howard (que brilha a vários títulos, pelas capas expostas, pelo soberbo trabalho plástico “exposto” no curto corredor que leva ao silo – uma proeza de desenho e carpintaria – e, sobretudo, pela organização e escrita em tempo recorde do catálogo) mas também a “massa crítica” da ESAD, que começa a fazer de Matosinhos um caso sério no design gráfico europeu.
Quanto ao catálogo, escreverei um texto em breve. A exposição, essa, reflecte os gostos do comissário, sem dúvida (na tradição do design editorial britânico, com o seu minucioso equilíbrio entre conceito e boa factura), e geograficamente, no que toca a Portugal, teve a “corajosa” decisão de não expor nenhum dos consagrados a Sul do Mondego (que posso também remeter para possíveis desencaixes com os prazos de entrega das amostras). João Bicker tem a mais do que merecida fatia de leão entre os portugueses com um fragmento do seu excelente catálogo na Fenda, e podiam lá ter estado os seus livrinhos para a Almedina. Algumas excelentes capas de designers alemães (sobretudo dos da ex-RDA), ecletismo bem doseado (de livros de tiragem reduzida e de “galeria” aos já “clássicos” da Penguin dos últimos 10 anos) e algumas deliciosas surpresas: 40 anos depois, e uns dias após um texto meu sobre a edição da Farrar de The Fly de Richard Chopping, eis que encontro outra mosca noutra capa soberba… da Farrar (a que Charlotte Strick fez para Varieties of disturbance de Lydia Davis em 2007).

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One response to “Gateways: uma visita

  1. Essa pulga marota do Lazaro Covadlo saltou bem alto, à vista de todos. Parabéns pelo trabalho excepcional, Pedro, e pelo reconhecimento que tiveste agora e que é inteiramente merecido. E sei disso porque acompanho o teu trabalho desde o início da Livros de Areia apresentada no Fórum Fantástico 2005.

    (Talvez preferisse ter visto o Sonho de Borges seleccionado, é a minha capa favorita, mas o especialista na matéria é o Andrew Howard).

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