Gateways: an international exhibition of book covers

Título
Gateways: an international exhibition of book covers

Coordenação/Design
Andrew Howard

Textos
Andrew Howard, Jon Gray, David Pearson

Edição/Produção
Fundação de Serralves | Norteshopping, 2008
Edição bilingue
230 x 150 mm, 444 páginas
Impressão: Norprint

Descrição
No estilo intransigentemente minimalista e “invisível” que tem caracterizado o trabalho do seu coordenador e designer (que “trai” a preponderância da produção de catálogos no portfolio de Andrew Howard), Gateways é um objecto raro na edição portuguesa sobre esta matéria, não tanto pela quase total escassez de títulos nesta “prateleira” de que nos possamos lembrar, mas sobretudo pelo rigor temático e estético que é nítido na decantação do seu conteúdo, e pela assunção clara de pertença a uma geração e a uma escola que ele (com toda a propriedade) exibe. É também, e por esse mesma ordem de afinidades, (mais) uma confirmação da importância da dupla R2 (Artur Rebelo e Lizá Ramalho) no panorama da última década (sendo prova dessas afinidades um livro, pelo menos, produzido em comum com Howard e que se expõe aqui).

Numa composição tipográfica muito típica do seu autor, e respeitando uma ordem cartesiana inabalável, o livro divide-se simetricamente em 3 partes: a sequência de textos em inglês de Howard, Jon Gray e David Pearson (em papel não-couché e a 2 cores), a sequência das capas ordenada alfabeticamente por apelido ou nome de firma (com um spread para cada capa: descrição bilingue e ficha à esquerda, imagem à direita) e sequência dos textos em português. Com um generoso uso do espaço, tudo aqui é dirigido para a leitura e a reflexão, um luxo a que só catálogos deste tipo se (e nos) podem dar. Creio que teria talvez sido preferível uma organização das capas que reflectisse a que é aparente nas exposição, onde a ordem alfabética é preterida em benefícios de áreas com um certo denominador comum, seja ele editorial ou autoral (portfolios compactos de séries ou de designers como João Bicker, Juan Pablo Cambariere, Coralie Bickford-Smith, Jamie Keenan, etc, alguns deles convidados especiais), seja de cariz mais temático (por exemplo, a minha capa, junto às de Gregg Kulick e à de Yulia Dvoeglazova, parece-me denotar uma área que remete para a colagem modernista – que assumo como consciente na capa de Criaturas da Noite). Mas os imperativos de tempo na produção do catálogo terão ditado esta solução mais simples, que não impede, contudo, o deleite e a informação a que a obra se destina.

“Do ponto de vista de qualquer editor, o dilema é decidir se deve usar a capa para se promover a si próprio ou ao título individual.”

Escusado será dizer que na pequena (ainda que altíssima: olhar para cima é um dos prazeres do Silo) área de exposição se encontram algumas das capas que definem o design editorial contemporâneo em 4 continentes, e que não se definem apenas pela escolha do comissário: há aqui um nítido ecletismo que abraça a edição comercial hardcore (estando até muitas destas capas já no cânone gráfico há alguns anos) mas que permite a quase insolente intrusão de pequenas editoras ou exemplos de edição “de artista” de pequenas tiragens. É este ecletismo controlado por uma visão estética amadurecida (e bem explanada no texto inicial) que pode justificar algumas “ausências” de nomes sonantes (desacertos com os prazos de envio de amostras poderão também fazê-lo), mas que, sem dúvida, dá a substância a este documento.
Escusado é também reforçar a importância dos textos escritos ad hoc por Jon Gray e David Pearson e da decisão de editar na íntegra as memórias descritivas de cada capa, dando assim voz directa aos seus autores.

Howard prepara, segundo li algures, um volume com as intervenções dos convidados (e que convidados!) das Personal Views na ESAD (que uma simples consulta ao site da instituição revela como o mais importante acontecimento de design gráfico no país), e à luz do que ele aqui mostra só me resta desejar que esse volume venha em breve.

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